OS CAMINHOS DA TOP MODEL CAROL RIBEIRO

ISOLAMENTO SOCIAL NA ERA TECNOLÓGICA, NADA TEM A VER COM SOLIDÃO. AS FERRAMENTAS DIGITAIS SÃO COMO JANELAS PARA O MUNDO E, APESAR DOS ALGORITMOS DETERMINAREM CADA VIAGEM, SOMOS NÓS, OS DONOS DOS NOSSOS DESTINOS.

Não é novidade que viajar por prazer está praticamente cancelado, e mesmo se quiséssemos, como brasileiros enfrentando um aumento geométrico de casos de covid19, fomos “barrados no baile”. Mas quem tem internet, ainda tem pessoas. Aliás, as pessoas estão mais perto do que nunca e acessá-las online tem sido uma forma, digamos, gostosa de viajar sem sair de casa. Ouvir e aprender com o olhar do outro, faz um bem danado! A propósito, não conheço uma pessoa louca por viagens, que não goste de gente. Gostar de gente não é um dom divino, mas sim, a arte de estar presente de corpo e alma a cada encontro. É interessar-se, é escutar, é observar. Em outras palavras, é reconhecer que uma pessoa com aqueles traços, aquela visão de mundo, aquelas escolhas e com aquela bagagem, talvez nunca mais encontraremos pelo caminho. Sendo assim, sugiro: admiremos mais, olhemos mais, deixemos que o outro fale, para o nosso próprio bem.

E olhando o copo meio cheio, não fosse a tecnologia aliada à sensação de “tempo desacelerado”, eu talvez não tivesse a oportunidade de conhecer de perto, histórias que já observava de longe. E enquanto busco maior conhecimento sobre formas sustentáveis e possíveis de viajar, este mês, trouxe para a coluna, um papo com uma pessoa que admiro até de olhos fechados, e como eu, tem usado sua voz para dialogar em prol de um mundo melhor: Carol Ribeiro.

 

TALVEZ, CAROL SEJA MAIS CONHECIDA COMO UMA DAS MODELOS MAIS PROEMIANTES DO BRASIL, QUIÇÁ, DO MUNDO. É TAMBÉM APRESENTADORA DE TV E EMPRESÁRIA. MAS O QUE A TORNOU TÃO ÚNICA ENTRE TANTAS MULHERES BONITAS, NÃO ESTÁ NA SUPERFÍCIE. SUA ORIGEM AFRICANA, INDÍGENA E PORTUGUESA, É A BASE DA SUA GRANDE BELEZA.

 

DP. Aos 21 anos, você se tornou o rosto da Revlon, substituindo ninguém menos que Cindy Crawford. Como define sucesso? Ou melhor, sucesso é um “lugar” no qual chegamos?

CR. Sucesso não é um lugar, sucesso é tranquilidade. Mesmo porque, se você acha que vai chegar a algum lugar, ficará a vida toda lutando para se manter lá, seria desgastante. A vida é uma constante evolução e eu danço conforme a música. Aprender a dar o próximo passo, é sucesso pra mim.

 

DP. Japão, França, Itália e tantos outros cantos no mundo. Como viajar a trabalho sendo tão jovem formou sua personalidade e o que mudaria se pudesse viajar como modelo, hoje?

CR. Na época em que viajava como modelo, confesso que perdi inúmeras oportunidades de conhecer, de fato, novas culturas e paisagens. Pois além da agenda apertada, o trabalho era exaustivo e muitas vezes, troquei museus por descanso no hotel. Quando somos muito jovens temos muito sono (rs), e ainda não entendemos a riqueza que as viagens proporcionam. Mas já me redimi, pois a carreira de modelo me levou a ser apresentadora da MTV, que me levou a apresentar o “Mapa do Pop”, um programa do canal TNT, que viaja para conhecer lugares que serviram de locações para filmes icônicos como “Start Wars”, o “Senhor dos Anéis”, etc, e hoje, depois de entregar o trabalho, não há cansaço que me segure no hotel, eu quero conhecer tudo com meus olhos e coração.

 

DP. Além do Mapa do Pop, você também viaja pontualmente para Los Angeles, para cobrir o “Tapete Vermelho”. O que traz destas viagens?

CR. Além de um respiro na rotina de São Paulo, poder entrevistar pessoas (tão) talentosas como Jonathan Pryce ou Glenn Close, por exemplo, é sem dúvida, uma experiencia possível apenas através do programa. E não há nada que se compare com a riqueza de ter alguns minutos de pessoas tão únicas. Devo isso à minha carreira e as escolhas que fui fazendo pelo caminho.

 

DP. Conhecida pela sua discrição, seja no trabalho, seja na vida. Como consegue atrair a atenção de celebridades disputadíssimas durante as premiações?

CR. O tapete vermelho é um “bingo”. Estamos todos (os apresentadores e repórteres) posicionados em lugares estratégicos ao longo do tapete. Não sabemos quem vai parar, ou quanto tempo teremos, é sorte mesmo. Ás vezes, tudo acontece na troca de um olhar e você entende se ele/ela, virá até você. É um momento magico e precioso, por isso, nessa hora é preciso estar preparada para tudo.

 

DP. Já assisti as premiações e, “tenho imagens” que mostram alguns entrevistados deslumbrados com a sua presença, seja pela sua beleza, seja pela sua elegância…

CR. Ah! Vou acreditar que tenho este poder rsrs.

 

DP. CR. Quem é a Carol Ribeiro, hoje?

Dani, eu sou a mesma Carol de antes de tudo isso. De fato, eu conheço mais coisas e vivi muitas outras, mas eu sou a Carol que preza pelas coisas essenciais da vida. Sou amiga das minhas amigas, passo férias no Maranhão, vou a Belém quando posso e adoro rodar o Brasil de carro com meu filho e marido.

 

DP. Depois de “viver” pelo mundo, qual é a definição de casa, para você?

CR. Casa é aconchego, é meu filho, é meu marido. Rodei o mundo todo, mas é no Brasil que me sinto em casa. Mesmo quando morei em NY, sempre soube que minha base seria aqui.

 

DP. Você hoje tem uma agência de modelos, o que falaria para os pais de futuras modelos que buscam uma carreira de sucesso?

Não deixe sua filha ou filho ir sem ter para onde voltar; deixe-os ir, experimentar, tentar. Diga a eles que tudo vai dar certo, mas se não der, deixe-os saber que têm para onde voltar. Dê a eles um porto seguro. Digo isto ao meu filho, que hoje está com 16 anos.

 

DP. Falando sobre o presente, no ultimo mês, em meio a pandemia do Corona vírus, você lançou uma série de conversas e entrevistas, que chamou de “Mude”. O que podemos esperar destes papos semanais?

CR. Trabalhando como modelo desde os 16 anos, eu já vi de tudo sobre imagem, estética, consumo e pessoas. Mas não me canso de aprender com histórias de vida e visões diferentes da minha. “Mude” nasceu de uma vontade enorme em ouvir o outro, mas também como forma de usar meu privilégio e abrir um canal de comunicação para que possamos ouvir mais do que falar. Precisamos conhecer nossas pessoas, entender o Brasil, olhar por ângulos diferente e dar voz a quem, de fato, age.

 

DP. Para encerrar, gostaria que falasse da “maior viagem da sua vida”: O AMOR! Casada há 25 anos; em recente entrevista você disse: “Resolvemos entrar juntos nessa parceria que é a vida. Há fases incríveis e outras nem tanto. O segredo é realmente querer estar junto nessa viagem.”

CR. Rsrs… é isso, o amor é uma viagem e você pode descer em qualquer parada, mas enquanto for gostosa, que continue. A paixão vai e volta, mas o amor perdura. Quando você ama, você respeita os momentos bons e os não tão bons, e é no meio disso que a vida acontece; e o amor é este movimento.

 

Por Dani Pizetta

Entrevista originalmente publicada na Harper´s Bazaar online.