PARA EMPREENDER E POTENCIALIZAR SUA CRIATIVIDADE É PRECISO ESTIMULAR SEU OLHAR. E SE VOCÊ NÃO ACREDITA EM MIM, ACREDITE EM BILL GATES”, DIZ MARIA HELENA PESSOA DE QUEIROZ, PROPRIETÁRIA DO MH STUDIOS
É sabido que o fundador da Microsoft dedica duas semanas por ano a viagens solo. Hospedando-se em chalés na Noruega ou em qualquer outro lugar que lhe permita absorver conhecimento através da leitura, ele se diverte devorando informação. Assim como Gates, a carioca Maria Helena acredita que a vida não é só trabalho, e em busca de equilíbrio, decidiu “quarentenar” na (sempre) estimulante Londres.
No início de junho, Billa, como é carinhosamente chamada pelas amigas, encarou as novas regras dos aeroportos e trocou São Paulo, onde mora atualmente, por um ninho temporário com a irmã Maria Eduarda e seu cunhado, no elegante bairro de Belgravia, no centro de Londres. “Em casa, trabalhamos super bem juntos. Certamente, eu poderia fazer meu trabalho de São Paulo ou de qualquer outro lugar, mas estar perto da minha irmã, que eu adoro, tem me fortalecido tanto quanto a energia que descobri nesta cidade.”
“Em casa, trabalhamos super bem juntos. Certamente, eu poderia fazer meu trabalho de São Paulo ou de qualquer outro lugar, mas estar perto da minha irmã, que eu adoro, tem me fortalecido tanto quanto a energia que descobri nesta cidade.”
A história de Maria Helena com Londres começou, na verdade, em 2019, quando esteve na capital londrina para visitar a irmã que já morava lá havia um ano. Foi quando se conectou com a essência do lugar. “Senti a efervescência, as pessoas, a vida”. Determinada a internacionalizar sua marca de álbuns artesanais e agendas personalizadas, aproveitou o love affair com a cidade, adicionou certa “mão na massa” quanto ao trabalho e acelerou sua mais recente conquista, uma parceria com o e-commerce Moda Operandi.
Seu negócio foi sem dúvida um impulso para uma temporada na Inglaterra em meio à pandemia, mas o que Maria Helena está vivendo é uma Londres que, mesmo cumprindo distanciamento social como o resto do mundo, vibra por natureza.
“O que mais amo de estar aqui é a liberdade que sinto. Liberdade para curtir a cidade sem medo, poder ficar sozinha deitada na grama de um parque, abrir o computador para trabalhar de um café, saber que a cidade tem mil coisas e que provavelmente conhecerei gente nova e histórias interessantes todos os dias. Sinto liberdade na forma de pensar pois são muitas tribos e gente do mundo inteiro vivendo com respeito e bom senso.” Londres é mundialmente conhecida por seus member clubs, não porque exalam exclusividade, mas porque é cultural. Quando esteve na cidade em 2019, começou a frequentar alguns clubes a convite de amigos e o que a fascinou foi que em cada lugar que ia tinha uma mesa diversa, cheia de gente legal com histórias diferentes.
“Vivendo aqui, eu vi um ‘fervo’ que me fascinou.”A cidade abre aos poucos e, apesar dos ingleses acharem que está tudo muito silencioso e as pessoas mais apreensivas, o parâmetro de Maria Helena era o Brasil, onde sentia tudo muito mais tenso.
“Por aqui, os lugares se prepararam para receber com segurança, mas não existe medo. Usa-se máscara em lugares fechados como transporte público, por exemplo, mas não nas ruas. E, mesmo vivendo sob regras, em Londres, o bom senso e a parcimônia imperam.” Recentemente, o governo lançou o movimento Eat Out to Help Out, estimulando as pessoas a saírem de casa para ajudar os estabelecimentos. Mas faz isso porque confia nas suas pessoas, sabe que o básico (não aglomere), elas já entenderam. A cultura de parques é outra tradição de cidades frias, como a capital inglesa, e passar horinhas sob o sol, sem máscara, é completamente possível e um dos programas favoritos de Maria Helena.
Viver em Londres é um presente, pois as fronteiras para outros lugares incríveis, estão próximas. E enquanto as novas regras em função do Brexit não forem aplicadas, neste momento de transição, tudo continua como antes. “Por aqui, existem os chamados ‘corredores’, por onde podemos circular com fronteiras abertas.” Mas como tudo muda o tempo todo, e algum país pode ser retirado do corredor, é preciso acompanhar o noticiário para não ficar presa em algum lugar ou se submeter ao isolamento na volta. “Acabei de voltar de uma semana em Paris, sempre fui uma apaixonada pela cidade, me emociona, fico arrepiada, mas talvez não seja a hora de mudar, quem sabe no futuro; agora, é a hora de Londres”, diz Maria Helena.
UM DIA DE VERÃO PERFEITO EM LONDRES
“Sexta-feira é o dia que eu tiro para pesquisas, então ando pra lá e pra cá. Adoro o Café Assouline, fico trabalhando em meio àqueles livros lindos. Saio, e posso ir a uma exposição no Victoria & Albert. Como algo gostoso no caminho e, depois, um sorvete na Pavillion Road. Volto para casa, me arrumo e saio para jantar com amigos ou sentar no Hyde Park e jogar conversa fora até o sol descer. Dá para fazer tudo isso neste momento!”.
Temporadas em algum lugar distante ou viagens de imersão, potencializam nossa capacidade intelectual e criativa, e enquanto outros países abrem antes do nosso, o que Maria Helena nos ensina com este Escape, é que, mesmo em tempos difíceis, não podemos perder nossa sensibilidade, nosso hábito de colecionar memórias e nosso “fervo”.
*Matéria originalmente publicada na revista Harper´s Bazaar, edição de setembro de 2020, sessão “ESCAPE”. Maria Helena (@mariahelenapq) conversou com @DaniPizetta via video call, enquanto vive a pandemia em Londres, dedicada ao trabalho a família.
“ENCLAUSURADA POR CAUSA DA PANDEMIA, A GLOBETROTTTER TEM VIAJADO PELAS PÁGINAS DE LIVROS E EM LONGAS CONVERSAS COM AMIGOS. SEMPRE DE BOM HUMOR (PAZ INTERIOR DE DAR INVEJA!) E COM INTENSA CURIOSIDADE, A CONSULTORA CRIATIVA CONVERSOU COM MARIA HELENA PESSOA DE QUEIROZ, PERSONAGEM DE ESCAPE, QUE DECIDIU QUARENTENAR EM LONDRES”.
Andre Aloi, editor de cultura da Bazaar Brasil sobre Dani Pizetta, colaboradora Bazaar, edição Set/20