Acho que os verões começam a chegar na gente meses antes da hora marcada
A estação mais sexy do ano ainda está fazendo a curva e nossa pele já anda a mostra. Verão é sinônimo de férias, encontros, drinks, amores e indulgências; atividades diretamente ligadas à liberdade de viajar, conhecer pessoas e expandir os horizontes.
Mas a exemplo do que aconteceu no verão do outro lado do mundo, sugiro “segurarmos a nossa onda”. Este ano tem algo diferente no ar, e acredite, é possível ser ainda mais sexy voando solo, baixo, perto e pra dentro.
Pensando em formas seguras de viajar e espairecer neste verão, preparei 4 dicas “diferentonas” para você fazer a mala sem esquecer que vivemos em meio a uma pandemia global, e que em momentos como este, ser sexy é ter saúde e empatia.
VOANDO SOLO
Viajar sozinha requer coragem, mas é um alento. Em tempos de maior cuidado com o outro, evitar comboios pode ser a melhor forma de fazer nossa parte. Se você precisa de um tempo (de quem quer que seja), essa viagem é pra você. Se puder, vá de carro. Pegar a estrada é sinônimo de contemplar a paisagem e como dizem os mais experientes: “o melhor da viagem, é o caminho”. Para preencher um possível vazio inicial, prepare uma boa playlist. Música ocupa nossa vida, e na estrada, exercita nossas cordas vocais e o não julgamento (vale cantar alto, errado e fora do tom). Praias e muito horizonte são as melhores escolhas para uma primeira viagem solo. De olho na sua segurança, opte por um destino que já visitou, voltar a um lugar conhecido sozinha lhe abrirá novas perspectivas. Hospede-se em uma pousada charmosa. E o melhor desta viagem é entrar no seu ritmo e permanecer nele o tempo que for preciso. Por fim, para aproveitar melhor os benefícios da sua companhia, silencie: “o verbo é apenas a diluição do pensamento, portanto, é no pensamento que encontramos as respostas para muitas perguntas.
VOANDO BAIXO
Esta não é a melhor hora para cruzarmos oceanos. Deixemos o voo cruzeiro para quando a vacina chegar. Por hora, exploremos o nosso país escolhendo as estradas menos viajadas. O Brasil é tão vasto e está precisando do seu carinho e da sua presença. O segredo é buscar por destinos fora da rota e se informar sobre quais são as regras locais para circular sem correr riscos ou se transformar em uma ameaça a quem vive neles. Se a maioria dos seus conhecidos vai para a praia, pegue sua turma e fuja para a montanha. Existem achados e casinhas via Airbnb que parecem saídos de filmes europeus. Mas se a intenção é se misturar com a paisagem brasileira, as serras da Canastra, Mantiqueira e até mesmo a Serra do Rio do Rastro, no sul do país abrem imensamente os horizontes de quem quer paz e sossego. As chapadas brasileiras e toda a sua exuberância nos presenteiam com trilhas, grutas, cachoeiras e uma experiência que nos coloca em contato com uma enorme diversidade natural. Entre as menos badaladas, com 3.441 km², e localizada entre os sertões do Ceará, Pernambuco, Paraíba e Piauí, fica a Chapada do Araripe que além da beleza geográfica, é uma viagem extremamente educativa. A Araripe leva o título de Geoparque e é o único representante brasileiro que integra a lista do Programa Internacional de Geociência e Geoparques (IGGP, sigla em inglês) da Unesco. O local preserva vestígios da presença humana há 30 mil anos. No site do Ministério do Turismo (http://www.turismo.gov.br) é possível encontrar mais informações.
VOANDO PERTO
Sabe aquela viagem de final de semana que dá pra fazer um bate e volta? Pois é, estenda e fique mais tempo. É hora de viajar com calma, curtir mais os lugares, andar a pé, alugar uma bicicleta, aprofundar sua leitura e relaxar corpo e mente sabendo que não perderá um dia inteiro no aeroporto. De onde você estiver, ligue o radar e procure por vilas, pousadas, casinhas e, por que não, um camping perto de você? Ok, ok, existem os ultra chics “glampings”, que são acampamentos com estrutura de hotel, mas são raros no Brasil, por isso, como já escrevi na matéria anterior sobre dicas para viagens sustentáveis (green travel): “foque em experiências e não em coisas”. Neste tipo de viagem a companhia é fundamental, leve alguém que você amaria ficar conversando por horas… sobre a vida, os oceanos, as estrelas, filosofia… sobre arte, música, sonhos e ideias. Só de escrever, já me transporto para este “lugar”, talvez seja minha viagem preferida. E se a intenção é viajar para sentir-se inspirado, saiba que grandes ideias e projetos nascem em viagens como esta. #Partiu 😉
VOANDO PRA DENTRO
Esta é uma viagem filosófica, mas foi assim que muitas pessoas sobreviveram aos últimos 270 dias do ano mais desafiador das nossas vidas e mantiveram-se imunes. Mas é verão e a vida acontece lá fora! Nem sempre. Segundo o jornalista e especialista em verões Ricardo Moreno “verão é mais que uma estação, é um estado de espírito”. Viajar para dentro independe de transporte, agenda ou clima, é um hábito e uma característica de pessoas solares por natureza. As “solares” costumam ver o lado bom da vida sem perder o foco no noticiário. No fundo, andam atentas, mas parecem viver em uma eterna zênite imaginária em relação ao rei sol, capaz de iluminar com precisão suas próprias almas e a de todos que cruzarem seu caminho. A propósito, jogar luz nos outros é a qualidade mais intensa das pessoas solares. Ao contrário das que “andam com uma nuvem na cabeça”, as solares andam com aquela brasa latente no coração
POR FIM
Sabemos que 2020 não foi muito solar, de fato, trouxe uma enorme tempestade nos deixando apreensivos, angustiados e confusos. Mas para criativos, e otimistas (eu me incluo nesta tribo), serviu como um ultimato para explorar o (mesmo) mundo por outro ângulo e aceitar que só existe um elemento no comando deste planeta, e se chama: natureza. Prova disso é que faça chuva ou faça sol, trancados em casa ou escapando para reabastecer o estoque de vitamina D, a terra continuou girando, e como programado, no dia 21 de dezembro de 2020, mais uma vez, o verão, vai chegar no hemisfério sul! A diferença, será nosso comportamento.
Sendo assim, vamos segurar a onda só mais um pouquinho, seria devastador se morrêssemos na praia
Texto Dani Pizetta
Originalmente publicado online por Harper´s Bazaar Brasil.