Os rios e igarapés são as estradas que dão acesso a vida e a cultura da região
Foi a bordo do Jacaré-Açu que me tornei íntima da Amazônia. Já estive na floresta antes, mas explorar o Rio Negro em um barco regional, deslizando sobre as águas mansas e intrigantes de um dos maiores rios do planeta foi transformador. A verdade é que nada te prepara para a Amazônia, não basta informação, é preciso vivê-la. Saindo de São Paulo com um pernoite em Manaus, capital do Amazonas, nosso grupo chega na pequena cidade de Novo Airão, ponto de partida da expedição fluvial Katerre. Almoçamos no restaurante flutuante Flor de Lotus e foi no deck do lugar que avistei os 64 pés e os 3 andares do imponente e silencioso barco regional batizado de Jacaré-Açu. Com 8 suítes confortáveis, banheiros privados, cozinha equipada e uma tripulação impecável, partimos rio acima percorrendo o deslumbrante arquipélago de Anavilhanas com destino ao Parque Nacional do Jaú. Foram inúmeras as vivências durante as 4 noites e os 5 dias da expedição. Completamente desconectada e presente de corpo e alma, logo no primeiro entardecer percebi a mágica acontecer. É nesta hora que os pássaros voam em bando, alertando a bicharada da floresta que, agitada, se prepara para enfrentar os mistérios da noite.
HIGHLIGHTS
Partindo de Novo Airão, o primeiro pernoite foi em um redario no meio floresta. De frente para o Rio negro, com a lua clareando a vista, e ao som da floresta, me entreguei com coração de criança à experiencia. O dia amanheceu deslumbrante e partimos para uma trilha de 3 horas mata adentro, comandada por Josué, nosso experiente guia que apontou plantas medicinais e as particularidades da floresta até chegarmos nas impressionantes Grutas de Madadá. A alimentação era servida no barco e dentre as delícias, peixes frescos e produtos locais como macaxeira, açaí, tapioca e inúmeras receitas caseiras. No Parque Nacional do Jaú, ficamos cara a cara com a maior árvore da floresta, a gigantesca Samaúma com seus imponentes 70m de altura. O ponto alto da expedição foi a trilha aquática pelos igapós. De canoa, penetramos na floresta alagada descobrindo um cenário cinematográfico. No decorrer dos próximos dias experienciamos focagem noturna de jacarés, pesca recreativa de piranhas e a observação de diversos animais selvagens. De voadeiras, as lanchas menores e mais rápidas, partimos para um banho nas corredeiras do Rio Caribinani e conhecemos moradores nativos, seus costumes, tradições e também suas dificuldades. Uma parada na margem do rio para ver os enigmáticos petroglifos e o encerramento da navegação se deu nas impressionantes ruinas de Airão Velho, a cidade que um dia foi berço da maior produção de borracha do mundo.
O GAVIÃO DA AMAZÔNIA
Nossa última noite na Amazônia foi no Mirante do Gavião. O lodge de arquitetura moderna e charme sem precedentes, de propriedade de Ruy Tone. Engenheiro movido pelo instinto da preservação ambiental, ele é também o fundador da expedição que nos proporcionou conforto, planejamento e segurança. Seus negócios sustentam projetos locais com foco em preservação ambiental e a educação de pequenos cidadãos locais sobre a importância da preservação e da extração correta de seus recursos naturais.
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