Suada Rrhamani traz nos olhos o mapa do mundo


Texto Dani Pizetta

Suada Rrahmani talvez seja o encontro mais lindo e o segredo mais bem guardado de Dimitri Mussard

O empresário francês que escolheu o Brasil para viver, trouxe com ele a mulher doce (mas forte), que conheceu em Paris há alguns anos. Suada conta que teve certa resistência em deixar a França, mas veio ao encontro do então namorado com a promessa de que se não se encaixasse, os dois voltariam juntos para lá, ou para onde o destino os levasse. Mas como é sabido, “o que os olhos não veem, o coração não sente”, bastou aterrissar em São Paulo para pendurar seus vestidos leves e fluidos no closet da sua nova casa brasileira.

Juntos, ou na sua individualidade, talvez eles sejam a referência mais clara do que é viver com simplicidade e sofisticação

Em 2020 casaram-se na Finlândia, país onde mora a família de Suada e onde estão seus melhores amigos. Confesso que já conheci muitas viajantes, mas nunca uma que traz nos olhos o mapa do mundo. Seu nome significa felicidade em árabe e quando pergunto o que sente ao carregar uma palavra tão linda em sua certidão de nascimento, ela diz que nada é por acaso e que definitivamente nós atraímos o que somos.

Mas se você não acredita no poder da atração e prefere os fatos, esta é sua história, narrada por ela mesma:

“Meus pais são de Kosovo (ex Iugoslávia) e tiveram que fugir do país em função da guerra civil, abandonando tudo que tinham e tudo que sabiam. Eu estava no ventre da minha mãe e naquele momento representava um fio de felicidade e esperança em meio a medos incertezas. Nasci em um campo de refugiados e foi assim que passei meus primeiros sete anos de vida; mudando para diferentes abrigos até que meus pais se estabeleceram na Finlândia, e foi lá que finalmente criei raízes. Posso imaginar que você sinta tristeza ao ouvir sobre minha primeira infância, mas dizem que os bebês sentem tudo que suas mães sentem, e a minha, definitivamente estava inundada de esperança e amor e eu fui abençoada com o sentimento e a certeza de um futuro bom”.

Hoje, Suada é mãe do pequeno Vadim e está gravida do segundo filho. Conversei com ela no melhor estilo “mundo moderno” (via whatsapp), e senti que ela não poderia estar mais radiante. O motivo da conversa foi minha curiosidade sobre um cantinho especial que ela e o marido construíram no interior de São Paulo; e assim como a beleza simples e a gentileza do casal, sua casa de campo é um reflexo do seu estilo de vida.

Construída apenas com recursos sustentáveis, linhas simples e em meio a uma imensidão verde cercada por montanhas, Dimitri foi firme ao planejar a casa gerando o menor impacto possível à comunidade e a natureza. Projetada pelo arquiteto Marcio Kogan, a casa que produz até sua própria energia, foi chamada de Casa Catuçaba e fica a duas horas e meia de São Paulo, ao lado do município de São Luiz do Paraitinga (SP) e integra a Região Metropolitana do Vale do Paraíba.

Foi lá que Suada, o marido e o filho Vadim, passaram os primeiros três meses da pandemia e foi durante aquele momento que perceberam que o investimento em um lugar totalmente inserido na natureza e adequado aos novos tempos, foi a melhor decisão de suas vidas.

Quando a família e os amigos não estão por lá, a casa está aberta para locação via Airbnb e Suada nos conta o que eu e você poderíamos viver por lá: “quando a noite cai e nos sentamos na varanda para observar o céu, me sinto inundada pelos sons da natureza e pelas estrelas, que de tão brilhantes, flutuam ao nosso redor nos fazendo sentir como se também estivéssemos voando”.

Segundo ela, um final de semana perfeito na Casa Catuçaba seria mais ou menos assim: “tente acordar bem cedo, faça um café e vá até a varanda para ver o sol nascer. Os pássaros já estarão acordados e você assistirá à revoadas de tirar o fôlego. Perto da casa fica uma pedra enorme e uma experiência deliciosa é preparar um brunch em formato picnic e se instalar pertinho dela para assistir o tempo passar. A vista de lá é deslumbrante e este é o melhor momento para planejar o resto do dia. Leve bons livros pois a leitura combina com o silêncio do lugar e certamente você estará mais aberto e sensível para absorver informação de forma profunda. Se você gosta de cozinhar, a casa tem tudo que precisa para preparar as melhores refeições, mas se preferir, pode contratar cozinheiros locais para um bom almoço ou jantar. Os programas na natureza são muitos, mas as trilhas, os lagos e andar a cavalo são meus preferidos. Os cavalos são dos nossos vizinhos, e com sorte, é possível passear com eles. Mas o melhor de tudo é a troca humana com quem mora por lá, e definitivamente o que aprendemos com as pessoas que vivem imersas na natureza é imensamente mais significativo do que aprendemos em qualquer escola. No final do dia, um banho de banheira com flores e ervas colhidas nos arredores da casa será seu maior presente. E para assistir ao maior espetáculo da terra, o pôr do sol, prepare bons drinks e espere a noite cair, para então começar tudo de novo no dia seguinte”.

 Texto DANI PIZETTA. Inicialmente publicado na revista Harper´s Bazaar, seção ESCAPE, Julho/21. Imagens: Acervo pessoal

Link para  acessar o Airbnb e ver a Casa Catuçaba, aqui!